segunda-feira, setembro 09, 2013

Os Dois Lados da Moeda, Mas Não na Mesma Moeda...

Eis o tipo de tesouros inesperados que tornam os alfarrabistas em recursos insubstituíveis...

Numa pilha de velharias estrangeiras, entre outros volumes descartados e envelhecidos, encontro este Star Well, um romance de Alexei Panshin. O autor não é mau, mas a obra passou à história e a capa não inspira mais do que uma curiosidade passageira:


Na contracapa, um argumento característico da FC púlpica, embora tivesse sido publicado nos anos 70:


Contudo, abre-se a primeira página e ouve-se o primeiro acorde da banda sonora: suspense...


No rodapé, a indicação do principal (único) agente literário português em actividade há 40 anos, sob o que pode ser o carimbo de um contraparte estrangeiro nos EUA.

Em cima, alguém terá tido o trabalho de inscrever anotações... variações sobre uma designação... será... o título em português?

Um número... será o de uma colecção?...

A pilha ao lado contém números antigos da Argonauta. Será que...


Incrível!...

Veja-se a página de título, para retirar dúvidas (repare-se na confirmação do número 166):


Poderia aquele ser o exemplar usado pelo tradutor da obra para publicação na Argonauta? Poderia ter sido usado pelo próprio Eurico da Fonseca?

Folheie-se a edição original. No interior, mais variações sobre o título. Aparentemente, deu algum trabalho. Contra a crença comum, se calhar não era assim tão fácil obter as traduções genéricas, desapaixonadas e distantes que enchem os volumes da colecção...


E aqui, como noutras páginas, uma marca de leitura ou, mais certo, de pausa no trabalho de tradução:


Eis a prova, como se fosse necessário obtê-la, de que a curiosidade bibliófica não se pode contentar com a superfície nem com o conhecido, e que requer alguma investigação adicional. Por outras palavras, mesmo para as edições antigas, convém passar ao lado da capa e dos sumários e não descartar o que parece irrelevante.

Sem dúvida, uma fortuita coincidência, a tempo da publicação iminente do meu artigo sobre a colecção Argonauta no número inaugural da Bang! versão brasileira (em breve, também na versão portuguesa).


Que outros segredos encerrará o Baú da FC?...

1 comentário:

  1. Saudoso Eurico da Fonseca!... Podia não ser o melhor dos tradutores, mas é muito graças às suas 250 traduções (e à direcção da colecção Argonauta) que tanta gente neste país aprendeu a gostar de FC... e de a escrever!

    Esse exemplar é uma relíquia. Devia ser guardado na Biblioteca Nacional!

    ResponderEliminar