Dizia o Luís Filipe Silva, na introdução à antologia Por Universos Nunca Dantes Navegados que:
A escrita de ficção científica, e do fantástico em geral, é bastante instável na nossa cultura, não porque não haja vontade nem tentativas de incursões no género mas porque, por um motivo ou outro, são singelas e particulares [...]
E, depois de descrever a sucessiva amnésia que parece atacar o fantástico em português a cada nova fornada de autores e fãs, perguntava:
De facto, nesta situação de quase completa ignorância do largo historial de contribuições esporádicas para o género, da perda inclusive da memória de curto prazo face a livros editados há menos de uma década, como manter coesa uma literatura de fantástico e esperar que haja autores e público envolvidos num discurso conjunto e permanente, e que se produzam obras de referência, se desenvolvam temas em conjunto e se contribua para o discurso literário do género com complexidade e desenvoltura similares ao que fazem os seus profissionais em mercados estrangeiros?
A resposta a esta pergunta está nela implícita. Mas, de uma forma talvez mais interessante, também nela implícita está a solução do problema que, como tantas vezes acontece, passa pela informação. Pela limitação da ignorância.
A internet tem esta magnífica qualidade de poder servir de registo potencialmente eterno da informação produzida. Mas, também porque o homem é o homem, perde-se com demasiada frequência no imediatismo daquilo a que alguém inspirado um dia chamou a espuma dos dias, depressa submergindo cada camada de informação com uma nova camada de novidade e imediatismo, tantas vezes salpicado de interesse comercial.
Nada temos contra a novidade, o imediatismo ou o interesse comercial, per se. Mas consideramos útil contribuir para manter à superfície coisas que de outra forma correriam o risco de se ver submersas. Por isso criámos este blogue. Nele, serão republicadas críticas e opiniões a obras do fantástico lusófono, desde que tenham sido publicadas originalmente há pelo menos cinco anos, ou que se debrucem sobre obras publicadas há pelo menos dez.
Vamos, portanto, remexer no baú. E esperamos que se interessem por aquilo que nele encontraremos.
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